O Dia já estava quase se findando quando Tereza desceu do avião no Aeroporto Brigadeiro Protásio de Oliveira, sabia que tinha pela frente uma grande jornada. Já havia desativado temporariamente todas suas redes sociais, mudado o chip do celular, no novo número só tinha o número de três pessoas muito intimas com as quais se comunicaria para dar sinal de vida, isto é, se seu aparelho estivesse com vida.
A ideia soava insana, ir até a bacia do Rio Acará afluente do Rio Moju, seu objetivo era localizar, a Tribo Tembé, que vive na Ti Turé-Mariquita. Para essa empreitada iria contar com um guia e interprete chamado João Índio, ele lhe fora indicado por Olga, eles tinham um parentesco em comum. Em seu sonho a índia tinha um cocar e adereços que remetiam a esta tribo. Ela havia passado meses estudando os símbolos até chegar a conclusão de qual tribo estava à procura. Nos dias seguidos ao primeiro sonho, outros foram vindos, onde a figura as vezes aparecia com os pés invertidos para trás, outras vezes não tinham olhos ou orelhas. Procurou os significados para estes símbolos sem muita sorte. Foi ai que decidiu ir até a raiz, ou seja, falar diretamente a quem remetiam aqueles símbolos.
Como aquele dia era um dia praticamente findo e as luzes das casa já começavam a brilhar, Tereza se dirigiu ao hotel para fazer o checkin e fazer um descanso merecido. Trazia na mala uma ansiedade muito grande, uma câmera profissional e todos os seus artefatos alquímicos. No cabelo trazia algo novo, uma mexa branca, e no peito um pentagrama que ganhara de um amigo antes do embarque. Tomou aquele seu tradicional e longo banho, onde ficava alheia ao mundo e penetrava em outros níveis, a água era um portal além de um elemento, se sentia una com o universo, e assim que retornou abandonou a ideia de descanso, já se sentia renovada. Pegou o celular e ligou para João.
__Boa noite João, desculpe pelas horas, cheguei a pouco de São Paulo, e pensei que se não fosse importuno se poderíamos jantar juntos e conversar sobre nossa pequena viagem rio abaixo (risos). Perfeito!!! Anote o endereço do Hotel, estou no quarto 1313, assim que chegar vá a recepção e peça para me chamarem por favor. Obrigada querido.
Tereza caminhou até o quarto, abriu a mala colocou todas as roupas sobre a cama. Era uma grande variedade de peças com cores pretas em diversos tons, destacado ao fundo da mala tinha um biquíni cinza escuro. Espirrou um perfume pelo corpo todo, da mala optou por um jeans preto, uma camiseta com a estampa dos Ramones e por cima colocou uma mini jaqueta de jeans também, passou batom nos lábios, arrumou os cabelos com as mãos, um leve sorriso... uma piscadela... estava pronta... o telefone soou. Do outro lado avisaram que seus convidados haviam chegado, ela pediu gentilmente para que encaminhassem eles para mesa reservada, uma que ficava próxima ao piano. Saiu do quarto, fechou a porta, chamou o elevador, que chegou em segundos, quando adentrou um rapaz alto e todo formal já estava nele (corado por sinal), ele literalmente a devorou com os olhos, começou a suar frio, arrumou a gravata várias vezes. Tereza colocou um dedo nos lábios, olhou para ele e soltou essa:
__Quer que abra a janela neném??? Esta muito quente
__A por favor se não for incômodo!!!
Quando o rapaz se deu conta da tolice que dissera, o elevador já tinha chegado ao térreo, e Tereza sutilmente apertou o botão do último andar e despachou o passageiro de volta, ela saiu rapidamente com a mão na boca para segurar o riso.
Quando adentrou ao restaurante o maître lhe acompanhou até a mesa, lhe apresentou a carta de vinhos e o cardápio
__Senhorita hoje é quinta, temos massas diversas, fique à vontade para suas escolhas estamos a disposição (deu um sorriso sínico, rodou nos pés e se foi)
Tereza olhou para João e ao seu lado uma acompanhante. Foi ai que se deu... O tempo deu aquela parada ela fixou seu olhar na garota, ela tinha os cabelos castanhos, crespos, encaracolados e com um brilho vivido, os olhos também castanhos, sobrancelhas com uma curva perfeita que lembravam arco-íris e suas íris de um castanho esverdeado tal como uma mata densa, nos lábios um batom marro, cor de terra, e dela saiu um frescor infinito. Lembrou-se do que Olga disse, e sim, conseguia ver a aura da garota e era imensa. Estendeu sua mão na direção dela, ela gentilmente acolheu a mão de Tereza, subitamente a aura dobrou de tamanho. Foi ai que se deu o mais estranho.
(__Eu sei o que você veio fazer aqui)
Que loucura era uma voz dentro de sua mente. Tereza então rapidamente teve outro pensamento
(__Sabe??? E o que seria???)
(__Você veio atrás de um sonho que teve acordada)
Tereza estava pasma!!! Sim elas estava conversando mentalmente
(__Exato, mais como você sabe disso)
(__Esta tudo em sua mente)
(__Então me diga o que vês!!!)
(__Você veio atrás do espirito da mata. Às vezes se apresenta como homem, às vezes como mulher, no seu caso foi uma criança. Foi desta forma pois veio como inocente para você. Se fosse uma mulher seria uma guerreira uma iluminada da luz. Agora se fosse homem seria muito ruim, pois traria morte e destruição!!!
Tereza se assustou e com o impulso sua mão soltou a da moça e a conexão se desfez
O rapaz lhe sorriu.
__Tereza essa é minha irmã Adriana, mais vejo que vocês já se conheceram rsrs
Tereza olhou para ele de boca aberta
__Ela faz isso o tempo todo, desde criança. Ninguém ensinou, simplesmente nasceu assim. E te digo é um perigo rsrs. Não pense nada perto dela
__Estou pasma!!! Mais como isso funciona
__Simples. Eu toco na pessoa e é feita a conexão. Mais tudo isso tem um custo
__E qual seria???
__Se a pessoa for muito negativa eu vou ter um mal estar intenso e posso até ficar doente por dias. No seu caso você só me trouxe coisas boas e estou me sentindo muito energizada
Tereza olhou novamente para ela com atenção e realmente seu campo de aura tinha aumentado emitindo brilhos com cores diferentes
__É verdade. Eu consigo ver
Adriana sorriu e foi ela que se surpreendeu
__Consegue???
__Sim. Vejo luzes verdes, azuis, em diversos tons e de tempos em tempos alguns flashes laranjas. Parece uma balada
As duas gargalharam muito
__Ok meninas agora chega de brincadeiras pois minha única habilidade é guiar as pessoas mata adentro. E já te aviso Tereza que o local que desejas ir é extremamente perigoso. Por ser área de garimpo ilegal. E talvez por motivos de segurança nem possamos finalizar esta jornada
__Ai lá vem o desmancha prazeres (disse Adriana fazendo diversas caretas)
__Ah sim, e você acha que vou por em risco minha irmãzinha???
__Puxa vocês são irmãos. Que máximo. E veja, não se parecem nadinha. Apesar de serem os dois extremamente bonitos. Cheguei a pensar que eram um casal (risos diversos)
__Somos de pais diferentes, com mais de um ano de diferença. Meu pai era o Pajé da tribo e o pai dela o amigo dele, um Doutor que veio da capital ainda muito moço para cá e há anos esta na tribo nos ajudando muito. (explicou João)
Tereza sempre admirada olhava hora para um, hora para outro. Passaram a noite conversando sobre fatos e acontecimentos diversos. Riram e choraram suas aventuras e desventuras. Quando era já por volta da meia noite, Tereza convidou a todos a se recolherem, pois ainda de madrugada iriam pegar o barco e subir o rio. Ela havia reservado um quarto para seus convidados.
Tereza fez um cochilo breve, o celular estava para despertar umas três horas, mais só conseguira ficar meia hora na cama. Se levantou olhou a noite pela janela, um céu mais limpo que o que via em São Paulo. Resolveu ir para sala, lá tinha uma sacada, se debruçou nela e ficou fitando a Lua e pensando... Será que ninguém morava lá mesmo??? Será que realmente os homens botaram o pé lá mesmo ou foi tudo história para se fazer de importante??? Porque no fundo no fundo isso não iria mudar sua vida em absolutamente nada!!! Quantas verdades inúteis os homens criaram no decorrer da história. Guerras absurdas e sem sentido, para alto afirmar o quanto são idiotas. Os grandes homens na verdade estavam no anonimato e estes sim conheciam parte da verdade universal. Estava nisso quando sentiu uma mão em seu ombro, tomou um susto muito grande...
__Tereza já esta na hora!!!
Era Adriana lhe chamando. Quando olhou para o relógio eram 14:30. Que coisa estranha, pois da hora que se levantara e fora para a sacada observar a Lua, não tinham passado exatos trinta minutos. Era como se ela estivesse em um tempo paralelo, e neste outro o mundo o relógio tivesse dados várias voltas rapidamente. Mais enfim, sorriu para ela e lhe disse:
__Já estou indo meu bem, vou me trocar e saímos logo em seguida
__Mais é que meu irmão está em um sono pesado, e não consigo acorda-lo de forma alguma
Tereza se pôs a pensar, estalou os dedos e deu uma piscadela para a garota. Pegou o celular e ficou mexendo por alguns minutos
__Olha quando entrar no quarto coloque perto da cabeceira e dê um play
A moça foi até o quarto. O que se ouviu em seguida foi o mais forte heavy metal do planeta, com um som de guitarra estrondoso e a voz do vocalista gritando no vocal. O que se viu foi um índio sair em disparada do quarto, com o coração a mil, e os olhos saltando pelas órbitas. Adriana saiu em seguida, com a mão na boca, mais não conteve o riso e deu uma sonora gargalhada. Tereza em seguida alertou.
__Por favor, comportem-se ou vamos ser expulsos do hotel (risos). Já pode desligar a música e conter esses risos mocinha. E o senhor bora tomar um café bem forte para se recompor e subirmos o rio.
Eram já umas três e quinze quando começara o trajeto ainda na escuridão da madrugada, o barco seguiu lentamente contra a corrente do rio, que estava bem calma por sinal, o que ajudou a avançar boa parte do caminho. A certa altura Sr. Gerônimo, o dono do barco pediu para sessarem as remadas, e pôs a se ouvir o entorno usando a mão como canudo.
_Daqui para frente só dois remam e bem devagar, e nenhum pio para não chamarmos a atenção dos mineradores
Tereza colocou as duas mãos na boca e fez uma careta horrível deixando os olhos zarolhos, Adriana escapuliu um riso e também colocou as mãos na boca, claro não perdeu a oportunidade de fazer como a nova amiga e fez uma careta mais feia ainda com um bico imenso, Tereza também quis rir, mais quando olhou o aspecto sério de João (sim por dentro ele queria rir, mais se segurou o máximo) sentiu-se envergonhada. Gerônimo fez que não tinha visto nada daquilo.
O caminho transcorreu sem empecilho algum, já tinha avistado um vigia, mais este dormia profundamente na cadeira abraçado a uma espingarda de grosso calibre, já estavam para começar a fazer a curva do rio quando aquilo aconteceu...
Um macaco pequenino pulara na embarcação e puxara com força o cabelo de Adriana que deu um grito involuntário, que prontamente acordou o vigia. Ele olhou para o barco atônito, por algum motivo recuou e foi chamar ajuda. Rapidamente Tereza falou
__Todos deem as mãos (no que foi prontamente atendida). Esvaziem suas mentes e imaginem estar em um lugar distante, de forma que não ouçam nada o que se passa aqui, fechem os olhos (ela abriu a bolsa tirou um giz e fez um circulo em volta do circulo humano que se criara, de forma que todos estavam contidos dentro do círculo)
Na margem o vigia esfregava os olhos, enquanto seus amigos riam sem parar
__Mais ali não tem nada, cara para de beber isso esta te fazendo muito mau
__Eu tenho certeza! Eu vi um barco subindo o rio
__Cruz credo! Deve de ter sido um espirito! Não ria não Jardel estas coisas existem. Eu lembro que a muito tempo, eu vi coisas estranhas no Velho Chico. Foi lá pelos idos dos anos 80...
A conversa discorreu com o Senhor contando várias histórias das antigas, dos tempos de sertão, enquanto isso mansamente o barco fez a curva do rio e saiu do campo de visão daqueles mineradores. Mais um pouco e o sol iria começar a despontar. Adriana muito curiosa queria saber que mágica era aquela que Tereza fizera, e esta prometeu prontamente ensinar assim que aquela aventura se acabasse. Chegaram na tribo eram umas cinco e meia da manhã e todos já estavam acordados, cada um em suas atividades. Os pequenos curumins vieram correndo e cercaram Tereza, todos rindo e trazendo presentes artesanais muito bonitos que encantaram deverás Tereza. Ela passou a manhã bem ocupada dançando e brincando com elas, depois ajudou as mães na lida do dia, lavou algumas roupas preparou o desjejum e também o que se pode chamar de almoço, muito peixe, pirão, depois ficou sabendo que os homens viriam com uma caça que iriam assar em comemoração a visita. A noitezinha fizeram uma roda onde ficaram contando histórias da floresta, Tereza ficou encantada, algumas histórias ela já conhecia, outra não. Quando a Lua já estava no cimo, o Pajé lhe chamou a um canto e disse que era checada a hora, Tereza surpresa olhou com cara de Dúvida. O Pajé entrou em uma oca pequena e escura, colocou a mão para fora e fez sinal para que ela entrasse também. Por dentro a pequena oca parecia grande (estranho), e também não era totalmente escura, por um orifício no teto a luz da Lua penetrava. O Pajé sorveu um cachimbo e ofereceu para Tereza, ela fez sinal negativo, o Pajé insistiu, ela tomou então o grande cachimbo nas mãos e deu uma leve sorvida. O ar lhe penetrou o interior e se sentiu dormente, olhou em volta e não via mais as paredes da oca, estava em um lugar que não tinha dimensão era como se estivesse flutuando no nada, a sua frente o Pajé ainda se apresentava
__Onde estamos???
__No limite...
__Limite de que???
__Entre o real e o imaginário
__Entendi
__Aqui se apresentará o que você procura
__E se não se apresentar???
__Ai não é o seu momento ainda
__Vou me retirar para que fiques só, mantenha a tranquilidade, ter medo é normal, mais não se perca, pois se isso acontecer não vai voltar mais.
Tereza deu uma breve piscada com os olhos e por um segundo o Pajé não se encontrava mais ali. Começou a observar o entorno e começou a ouvir sons, músicas, vozes, ouviu sua mãe lhe chamar (e chorou), ouviu sua irmã se desculpar (e chorou), ouviu tanta coisa... sua professora do primário... seu pai... um pássaro, um uivo, um grito de dor. Com o passar do tempo foi se amofinando e sentiu vontade de sair dali, mais para onde iria??? Lembrou da advertência do Pajé e achou melhor não se mover. Viu passar diante de si um cortejo fúnebre. Teve depois um hiato de silêncio e vazio que lhe deu uma angustia muito grande. Então gritou
__Quem é você??? Onde está??? O que quer de mim??? Viajei até aqui para saber, não se oculte de mim
De repente Tereza apagou... Quando acordou estava deitada em uma esteira e alguém lhe dava uma beberagem na boca. Aos poucos foi recobrando a consciência e se sentou
__O que houve???
__Você teve uma experiência Xamânica, o Pajé disse que você foi perfeita, no entanto seu momento ainda não chegou, tem que ter paciência, as vezes o Universo te testa, para saber o quanto é sua vontade. Por hora durma, pois, ainda é noite e não temos pressa por aqui. Simplesmente interaja e viva, você é uma convidada e livre para ficar quanto tempo quiser. Tereza acenou positivamente com a cabeça, deitou-se novamente, estava exausta e dormiu profundamente. Acordou de um repente, com gritos, cheiro de queimado, e parecia ouvir tiros. Adriana colocou a cabeça dentro da oca e gritou:
__Corra, invadiram a aldeia e estão matando todos e destruindo tudo
Tereza levantou-se rapidamente e correu em direção de Adriana e correram mata adentro
__Não olhe para trás Tereza, apenas corra
Correram velozmente pela mata por segundos, quando Tereza tropeçou em um galho, levantou a cabeça e já podia avistar o final do rio, onde havia uma queda d’água. Adriana estava ali a sua espera
(__Vem Tereza, vamos mergulhar e estaremos salvas)
Pode novamente ouvir a voz da amiga em sua mente. Adriana dava um sorriso imenso, Tereza lhe retribuiu. De repente um estampido seco, Adriana recebeu o impacto de um projétil, e seu corpo tal como uma boneca se precipitou nas águas. Tereza tomada de irá se levantou, olhou na outra direção e viu o atirador, sem pensar em nada correu para onde ele estava. O atirador fez mira para atirar novamente, atrás de Tereza surgiu uma onça que correu em seu encalço, foi então que se deu... A onça pulou em cima de Tereza e fundiu seu corpo com o dela, bem na hora em que o tiro atravessou o corpo de ambas, no entanto já não se tinha uma distinção do que era Tereza e do que era a onça, eram ambas uma criatura só. Tereza deu um urro feroz que silenciou toda a mata, seus olhos amarelados fitaram o atirador que tomado de pavor partiu em fuga. Aquela onça imensa lhe alcançou e transformou o atirador em pedaços. A alguns metros dali havia um grupo de mineradores, todos apavorados. Um gritou:
__É o espirito da floreta, corram todos
Uns estava de joelhos pedindo desculpas. Eis que uma chuva torrencial se precipitou do céu, com ribombos estrondosos de raios e relâmpagos.
__Ai de nós que desdenhamos Tupã, vamos morrer todos!!!
Os homens da cidade que ali estavam e observaram tudo, não conseguiram explicar o que era aquilo. Simplesmente voltaram a seus barcos e começaram a bater em retirada. Porém a quantidade raios era imensa, e atingiu a maioria das embarcações que começaram a pegar fogo, homens pularam no rio, onde haviam jacarés prontos para abocanha-los. Os poucos barcos que escaparam iriam contar histórias fabulosas os quais poucos acreditariam.
No dia seguinte, Tereza foi encontrada desacordada.
__Graças a Tupã lhe encontramos, estávamos quase encerrando o dia de buscas.
Quando se deu conta viu João lhe olhando com um sorriso imenso
__Ai João, que triste, sua irmã, sua irmã
Colocou as mãos nos olhos e chorou copiosamente
__Calma Tereza, o Pai tem tudo preparado e resolvido por ele no momento exato. Vamos voltar para a aldeia
__Ai João não deve ter sobrado nada, estes animais ambiciosos
__Não Tereza, pelo contrário, tivemos muitas vidas salvas. As mulheres da tribo viram que você se associou ao Espirito da Floresta e colocou todos para correrem. Tupã mandou uma chuva intensa que apagou o fogo da aldeia salvando a maioria das ocas e os raios destruíram quase todas as embarcações dos garimpeiros.
Quando voltaram para a aldeia Tereza teve que ouvir diversas histórias sobre si e de como era valente, e de como era uma deusa. Muitos índios se prostraram no chão lhe reverenciando. Ela achava tudo aquilo um exagero. No fundo seu coração ainda estava muito triste por terem perdido Adriana
(__Porque esta toda tristeza Tereza???)
Tereza levantou rapidamente a cabeça e a procurar em volta
(__Adri você está viva, como me dá um susto desses???)
(__Achou que ia se livrar de mim, não é???) risos
(__Você que merece uma surra por isso!!!) mais risos
João olhou para Tereza
__Não sei como vocês conseguem isso, mais é incrível
João abraçou Tereza fraternalmente. Adriana saiu de uma oca ali perto correu na direção de ambos e pulou sobre eles. O que se viu em seguida foi cômico, com crianças saltando sobre eles, as mulheres riam-se, piscaram umas para as outras e correram abraçar o bolo de crianças. Os homens em seguida não pensaram duas vezes, fizeram um circulo em volta e se puseram a dançar e dar gritos tribais. Foi uma festa noite adentro com muita bebida e comida.
Apesar de toda a grande aventura e busca, Tereza se sentia vazia, como alguém que luta vence, mas não se convence. Deveria estar muito feliz, pelo seu feito, pela sua nova condição, era mais uma vez uma nova pessoa, era mais uma vez mais forte, no entanto, o grito que lhe rasgava por dentro ecoava ainda sem respostas. O que fora procurar não fora encontrado, ou se fora... lhe passou despercebido. Voltara para São Paulo com as malas cheias de histórias estava ali sentada no café do Aeroporto de Guarulhos, quando ouviu uma chamada de voo para Londres, pensou consigo mesma, porque não??? Nunca saíra do país!!! Não tinha nada que lhe prendesse, tinha um dinheiro bom no banco, passaporte em mãos, porém... e o visto??? Que maçada era para ter feito aquilo já uns três meses atrás. Abriu a bolsa, pegou o passaporte e teve um surto. Sim lá estava seu passaporte, já com o visto. Mas como isso??? Pensou, repensou, ahhhhhhhhhhhhh..., lembrou-se. Ah!!! Uns tempos atrás havia comentado com Paula sobre a vontade de ir para o exterior, lembra que fechara os olhos e seu dedo seguiu pelo mapa-múndi até ir para na Inglaterra. Paula sempre muito frenética pediu uma autorização para pedir o visto em seu nome, lembra-se que falara que não precisava nada daquilo e ainda se lembrava da voz de sua amiga. “Ah se deixarmos isso por sua conta isso nunca vai acontecer”. Pois é, então no final ela havia mesmo conseguido o visto. Tereza correu até o guiché e pediu uma passagem para o próximo voo para Londres.